segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Robert Plant - Dreamland

    


     Olá a todos. Hoje a resenha será sobre um sujeito que dispensa maiores apresentações, o Robert Plant. A eterna voz do Led Zeppelin, mas que fique bem claro que não "apenas" isto. O que percebo é que muitas pessoas conhecem em detalhes a carreira do Led Zeppelin mas acabam ignorando completamente a carreira dele e dos outros membros remanescentes após o fim do Led. Aliás, fenômeno bem comum que ocorre com vários músicos que fizeram parte de bandas lendárias (Paul McCartney e Roger Waters, por exemplo).
     Se você ainda não conhece o Robert Plant pós-Zeppelin, eis uma oportunidade. Recomendo fortemente o álbum Dreamland, lançado em 2002, com uma pegada meio folk e blues. Nele, a maioria das músicas são covers de sons que o Robert Plant gosta e que de alguma forma o influenciou.


Álbum bem interessante

    A banda que o acompanha é formada por Porl Thompson e Justin Adams nas guitarras, Charlie Jones no baixo, Clive Deamer na bateria e percussão, e John Baggott nos teclados. Como curiosidade, vale citar que Robert Plant já se apresentava com esta mesma banda de apoio sobre o nome de Strange Sensation, mas que por algum motivo, neste disco não foi creditado como tal. Já o sucessor deste álbum (Mighty ReArranger, de 2005), contou com praticamente a mesma formação e foi lançado como Robert Plant & The Strange Sensation.


Robert Plant e Justin Adams mandando a ver

    Vamos agora ao faixa a faixa. Aqui, quero deixar uma dica, a Rádio UOL. Estava vendo o acervo deles e tem discos bem interessantes disponibilizado para audição por lá, incluindo este e outros do Robert Plant. Este é o link do Dreamland. Ouça enquanto continua a leitura...

    Funny in My Mind (I Believe I'm Fixin' To Die): começo bem interessante, e de certa forma intenso, nesta roupagem para Fixin' to Die Blues, originalmente de Bukka White, porém com modificações nas letras, o que levou a banda toda também assinar a composição. Boa faixa, já percebemos como o nível da banda como um todo é alto.

    Morning Dew: canção que ficou com um andamento quase esotérico, com influências oriental, e linda. Composta por Bonnie Dobson em 1962, e gravada por dúzias de artistas desde então (Grateful Dead, Jeff Beck, Nazareth, Screaming Trees, muitos outros). Posso dizer que esta é muito marcante, que a interpretação de Plant e o caminho pelo qual a banda levou a música casou perfeitamente com a dramaticidade da letra, que possivelmente se refere a um mundo devastado por guerras. Ela ganhou até um vídeo:

    One More Cup of Coffee: percussões dão início a releitura desta composição de Bob Dylan, lançada originalmente em 1976, no álbum Desire. Se você estava esperando um disco estilo Led Zeppelin de ser, cheio de riffs e agudos, já deu para perceber por essas músicas iniciais que aqui a proposta é outra. Essa versão ficou boa, e não fugiu muito da original do Dylan.

    Last Time I Saw Her: primeira faixa completamente autoral até agora. E é a "quebradeira" do álbum. Teclado dando peso, guitarras com mais destaque, Plant cantando de forma mais agressiva. A letra me parece uma metáfora para algo não muito claro, enfim, poesia. Vale a pena ouvir.

    Song to the Siren: após a "tempestade" da faixa anterior, uma singela e melancólica canção de amor e sereias para acalmar os ânimos. Clássico da carreira de Tim Buckley, ficou linda na voz de Plant.

    Win My Train Fare Home (If I Ever Get Lucky): mais uma composição introspectiva, e com influências orientais. Por possuir a mesma levada durante seus seis minutos, soa cansativa. E claro que Plant quase declamando a letra no mesmo tom não ajuda muito nesse quesito, apesar dela ser uma interessante colagem de trechos de letras de Arthur Crudup, Robert Johnson e John Lee Hooker.

    Darkness, Darkness: outra música regravada constantemente ao longo dos anos, originalmente dos Youngbloods, lançada em 1969. Esta versão ficou com mais de sete minutos, mas ao contrário da faixa anterior do disco, não soa nem um pouco cansativa. Ligeiramente mais introspectiva que a original, até mesmo com guitarras mais contidas. Aliás, Robert Plant se sai muito bem nesse departamento de canções com algum grau de melancolia e tristeza, mas ainda assim belas... 

    Red Dress: "slidera" já no início desse blues, última assinada pela banda, contando sobre a bonita garota de vestido vermelho. Não está entre as mais memoráveis do álbum, mas é uma boa música, com direito a uma discreta harmônica lá pela metade.

    Hey Joe: versão matadora para este clássico imortalizado pelo Jimi Hendrix Experience, com mais de sete caóticos minutos. Poderia para aqui, mas vale destacar o peso e a agressividade que a banda colocou, que se não é nada já não visto em algumas outras versões deste som, aqui temos a voz de Plant fazendo a diferença.

    Skip's Song: encerrando a obra, a mais Zeppelin do disco, com um clima oposto a tudo que foi apresentado até então. Sério, se dissessem que era uma sobra de estúdio gravada pelo Led Zeppelin eu acreditaria sem maiores contestações. Gravada originalmente pelo Moby Grape, em 1969, no álbum Moby Grape '69, acredito não ser uma das mais conhecidas. E no fim das contas é um inusitado e excelente encerramento.

    Por hoje é isso, espero que quem não conhecia esse disco tenha tido uma noção de como ele é, e que para quem já conhecia, que essa resenha tenha sido de alguma valia. Concorda que é um bom disco, talvez não tão indicado para um dia ensolarado de verão? E quais outras carreiras solos de quem passou por grandes bandas também merecem mais destaque?
    Até a próxima!

Take away this pain of knowing
Fill this emptiness with light now

    Johnyy 99

Nenhum comentário:

Postar um comentário